Cynthia Mariah

Por nós e pelos nossos
Que legado você está deixando?

O que você tem feito pela sua comunidade e pelo meio onde está inserida?
Essa pergunta me atravessa com frequência, especialmente quando percebo o quanto nós, mulheres negras, seguimos sendo arquitetas sociais, mesmo que muitas vezes de forma invisibilizada. Em todos os meus anos de pesquisa e atuação, aprendi com a história e com os passos das que vieram antes de nós: desde África, as mulheres negras sempre foram pilares das lutas sociais, da preservação cultural e da resistência em defesa da vida negra.
Hoje, 7 de abril de 2025, ao participar da 7ª Conferência Municipal de Saúde de Santa Isabel — data em que também se celebra o Dia Mundial da Saúde — voltei a refletir sobre a urgência de nossas mobilizações. Afinal, saúde para quem? Ainda enfrentamos um cenário onde os protocolos e diretrizes legais simplesmente não são aplicados às populações negras e indígenas. As estatísticas não mentem: seguimos sofrendo com a negligência médica, com os crimes obstétricos e com a aplicação de tratamentos inadequados à nossa realidade. O despreparo profissional para lidar com nossos corpos é apenas mais uma face de um sistema que insiste em nos marginalizar.
É por isso que mobilizar-se é vital. E não estou falando de política partidária. Estou falando de atuação política enquanto existência coletiva. De ocupar espaços decisórios como os Conselhos Municipais, audiências públicas, comissões, coletivos e fóruns. Estou falando de levantar nossa voz para construir políticas públicas que contemplem nossas vivências, dores e potências.
Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Angela Davis e tantas outras nos ensinaram que, por estarmos nos lugares mais marginalizados, somos também aquelas que mais constroem redes de cuidado, educação, cultura, moradia e bem-estar. Nosso legado é revolucionário porque nasce do afeto, da dor e da urgência. E ele precisa continuar.
Minha pergunta para você, mulher de negócios, mulher de voz:
Qual legado você tem deixado?
Em quais espaços você tem lutado pela coletividade, para além do seu próprio sucesso?
Você tem participado da construção de um futuro possível para sua comunidade, ou apenas sobrevivido dentro do que o sistema te permite?
Ser uma Mulher de Business é também ser uma mulher de luta, de afeto e de visão coletiva. O futuro que desejamos para os nossos começa com as decisões que tomamos hoje.
Atue. Mobilize. Transforme.
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