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São Paulo,22/12/2024

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Cine Itá recebeu o espetáculo Corpos Dissidentes

A apresentação levou mais de 350 pessoas ao teatro para prestigiar o evento


Cine Itá recebeu o espetáculo Corpos Dissidentes

                    O Cine Itá recebeu no sábado, 23 de novembro, a apresentação de dança gratuita do projeto “Corpos Dissidentes”, contemplado pela Lei Paulo Gustavo, e atraiu dezenas de populares ao teatro e trouxe diversas críticas e reflexões. O objetivo do “Corpos Dissidentes” é trazer artistas e dançarinos com corpos subjugados e fora do padrão de beleza imposto pela sociedade. O evento foi realizado pela produtora cultural Réka Dartte em parceria com a Associação Negra Visão.


                    A apresentação colocou no palco e deu protagonismo a quase 30 artistas entre negros, idosos, gordos, LGBTQIAPN+, PCD e neurodivergentes. “Um dos destaques do espetáculo foi a apresentação solo de Marlene Leite. Nossa dançarina é uma mulher negra, 60+ e é uma pessoa com deficiência visual. Garantir este espaço de protagonismo é também garantir o espaço de ser vista, reconhecida e ser valorizada dentro da nossa sociedade”, apontou Réka.


                    A primeira etapa do projeto atendeu cerca de 120 pessoas e teve início no Centro Comunitário do Jardim Imperial. Em julho e em agosto foram realizadas as duas primeiras reuniões da oficina de danças afro-brasileiras, já em setembro ocorreu a roda de conversas que envolveu os participantes e interessados em prosseguir no projeto.


                    “A partir daí o projeto entrou na segunda etapa. A princípio o projeto foi pensado para receber 10 pessoas na segunda fase, mas, diante da intensa procura resolvemos ampliar e acolher todos que quiseram participar. Foi uma grande satisfação oferecer um espetáculo de alto nível e ver esses corpos sendo aplaudidos e ovacionados. Este foi mais um dos objetivos atingidos”, relatou Réka Dartte idealizadora do projeto. Nesta fase o projeto passou a ter aulas semanais no Instituto Negra Visão.


                    O espetáculo também contou com a participação de diversos artistas e pessoas renomadas e foi aberto com a apresentação dos trabalhos artísticos de Pepi GM. O artista é PCD e expôs suas obras nos telões do cineteatro. Além de Pepi, participou ativamente no projeto de iluminação do espetáculo Eduardo Salino, especialista na área que já atuou em shows do Ed Motta, Jorge Vercillo, Guilherme Arantes, Joanna, Erasmo Carlos, Grupo Raça e Luiza Possi. A apresentação contou também com o dançarino Alpheu Neto, um dançarino neurodivergente com autismo nível 2 que participou do projeto inteiro, desde as oficinas e dançou o espetáculo todo.


                    A apresentação trouxe diversos estilos de dança como Hip Hop, danças de povos originários, cultura popular brasileira, dança contemporânea, dança egípcia e afro-religiosa, também fizeram participação os artistas Claudia Parolim, Grupo Curiá, Juh Manah, Mestre Enoque, Mestre Junior, Silas Natanael e Poeta Nikito. “Fiz questão de usar este espaço para convidar artistas de nossa cidade que admiro. É importante fomentar e valorizar a cultura local”, disse Réka Dartte.


                    Quem conduziu as danças e coreografias do projeto e do espetáculo foi o professor e dançarino Mestre Enoque Santos, formado pela Universidade Federal da Bahia e ligado a diversos projetos junto ao Sesc-SP. Enoque compartilhou a repercussão do projeto: “ao fim da apresentação, pessoas da plateia subiram ao palco e me disseram que nós mudamos o pensamento delas sobre o modo de ver essas pessoas. Teve uma mocinha que me falou que agora ela se identificava como uma pessoa negra. Isso não tem preço”.


                    Silvana Cotrim, presidente da Associação Cultural Negra Visão ressaltou a gratificação de fazer parte do evento: “estamos felizes em poder proporcionar às pessoas que não se sentiam aceitas, a condição necessária para dançar e estar em evidência, num ambiente de amor e incentivo”.


                    O espetáculo foi aplaudido de pé e no discurso final, Réka agradeceu a todos que participaram ao longo dos 5 meses do projeto e concluiu: “pretendemos levar esse espetáculo para outros lugares. Quero também continuar escrevendo projetos e captando recursos para poder desenvolver novas ações. As pessoas se emocionaram e se identificaram muito com a proposta. Várias me abordaram após o espetáculo, querendo fazer parte. Se você também quiser, escreva para 11 91898-2181 ou acesse o link na Bio do @projetocorposdissidentes no Instagram e entre para o grupo de INFORMES. Lá avisarei as novas ações”.




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